Brasileira abrigada em hotel relata apreensão com casa da família após passagem do furacão Milton: ‘A gente não sabe o que vai encontrar’
Carolina Saletti Gonçalves mora há dois anos com o marido e os dois filhos em Tampa, na Flórida, Estados Unidos; a família conseguiu se abrigar em um hotel em Valdosta, estado da Geórgia. Em passagem de cerca de 11 horas pela Flórida, furacão deixou quatro mortos e rastro de destruição. Ciclista caminha sob chuva forte antes da chegada do furacão Milton, em Tampa, na Flórida, nesta quarta-feira (9).
Rebecca Blackwell/AP
A brasileira Carolina Saletti Gonçalves, que mora com o marido e os dois filhos em Tampa, na Flórida, Estados Unidos, relatou ao g1 que uma das grandes apreensões de quem saiu da cidade é saber se a casa foi destruída com a passagem do furacão Milton pela Flórida na noite desta quarta-feira (9).
“Não tenho informação ainda porque não encontrei ninguém do meu bairro. A gente não sabe o que vai encontrar, se vai ter lama, o que vai ter. Estamos bem apreensivos porque não temos data para voltar pra casa enquanto não liberarem”, afirmou Carol.
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Tornados se espalham em várias cidades da Flórida e são flagrados por moradores; VÍDEOS
A chegada do furacão deixou milhões de pessoas sem luz e provocou inundações na costa oeste do estado. O fenômeno perdeu força ao longo da madrugada de quinta-feira (10), enquanto avançava pelo continente, mas o perigo permanecia. Houve quatro mortes, segundo autoridades locais (veja mais detalhes abaixo).
Carolina conta que ela, o marido Vinicius Rocha e os dois filhos, de 5 e 8 anos, saíram de Tampa na última segunda-feira (7) após saber que a cidade estava na zona de risco.
Após uma viagem de 11 horas, eles conseguiram uma vaga em um hotel na cidade Valdosta, no estado de Geórgia. A família era de São Pauloe mora nos Estados Unidos há dois anos.
“Era o único hotel que tinha vaga, porque muitos já estavam sem vaga. Aí levantamos as coisas de casa, pegamos tudo de valor e colocamos no mais alto. Arrumamos as malas e viemos com as crianças. Pegamos muito trânsito, e vimos muito carro de polícia”, relatou.
Carolina com a família nos EUA
Arquivo Pessoal
Um vídeo feito pela Carolina e encaminhado ao g1 mostra como a casa ficou momentos antes da família sair da cidade (veja abaixo).
“No bairro onde moro, em Carrollwood, não tinha mais nada. Não tinha pão, posto de gasolina estava sem combustível. Na terça-feira (8), o governo começou a desligar as luzes e água dos condomínios. Como ele veio [furacão] muito forte, podia dar incêndio”.
Brasileira mostra como deixou casa para sair da cidade com passagem de furacão Milton
A brasileira ainda conta que tem muitas famílias dormindo no estacionamento do hotel por não ter mais vaga. “Os hotéis não aceitam mais reserva online e têm famílias dormindo no estacionamento no hotel porque não tem vaga mais”.
A brasileira Ana Paula Crescencio de Souza, que saiu de Tampa e foi para Saint Clound, região metropolitana de Orlando às pressas, também relata a apreensão de saber se o imóvel onde ela mora foi danificado.
“Aqui foi tranquilo, graças a Deus. Apenas uma grande ventania. Agora estamos tentando saber se tem como voltar e como tudo ficou”, afirmou ao g1 nesta quinta-feira (10).
Furacão Milton
Autoridades confirmam ao menos 4 mortes durante passagem do furacão Milton na Flórida
O furacão também provocou tornados que destruíram casas e deixaram mais de 3 milhões de consumidores sem energia. Foram registrado ao menos 19 tornados, disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, e os eventos causaram danos em vários condados e destruíram cerca de 125 casas.
Houve diversos relatos de tornados relacionados à tempestade. Um deles atravessou uma comunidade de aposentados em Fort Pierce, no condado de St. Lucie, na costa leste da Flórida, destruiu casas, de acordo com informações da polícia.
Drone mostra casa destruída em Fort Myers, na Flórida, nesta quarta-feira (9), antes da chegada do furacão Milton.
Ricardo Arduengo/Reuters
Os meteorologistas tinham alertado que Milton teria potencial de danificar casas, derrubar árvores e causar inundações ao elevar a maré em até 4,5 metros.
Quando o furacão tocou o solo, por volta das 21h30 de quarta-feira, Milton tinha ventos de até 205 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos (NHC, na sigla em inglês).
Às 23h50, as rajadas estavam na casa de 165 km/h. Por volta das 2h, os ventos estavam em 145 km/h e o furacão havia sido rebaixado para a categoria 1.
Mulher lamenta estragos enquanto furacão Milton se aproximava da Flórida, em 9 de outubro de 2024
Bill Ingram/USA Today via Reuters
Mais de 2 milhões de imóveis estavam sem energia em todo o estado da Flórida na madrugada desta quinta. Em Fort Meyers, na costa oeste, ruas ficaram alagadas.
Antes mesmo de tocar o solo, a aproximação de Milton à Flórida havia causado estragos. Pelo menos 19 tornados destruíram 125 imóveis e derrubaram árvores no estado. Desde então, trabalhos de busca e resgate estão em andamento.
Veja a seguir o que esperar para as próximas horas:
Enquanto avança pela Flórida, a tempestade vai perdendo força, até voltar para o Oceano Atlântico.
A expectativa é que Milton permaneça no solo da Flórida até sexta-feira (11), pelo menos.
As autoridades esperam que o furacão deixe um rastro de destruição, danificando casas e derrubando árvores.
Rodovias da Flórida também devem ser varridas ou sofrer bloqueios.
O governo pediu para que os moradores não deixem os abrigos até a tempestade parar.
Socorristas estão posicionados para resgatar as vítimas.
Autoridades federais dos EUA foram enviadas para Flórida para coordenar os serviços emergenciais.
Analistas de mercado preveem prejuízos que podem chegar a US$ 100 bilhões.
Furacão Milton toca o solo dos Estados Unidos
Juan Silva/g1
Furacão Milton se aproxima da Flórida nesta quarta-feira (9).
Jose Luis Gonzalez/Reuters
Tornado causa destruição antes da chegada do furacão Milton
Chandan Khana/AFP
Carro em uma rua alagada após a passagem do furacão Milton em Brandon, na Flórida
Miguel J. Rodriguez Carrillo/AFP
Piscina em Fort Myers, na Flórida, some com a proximidade do furacão Milton
Reuters