J.D. Vance e Tim Walz se enfrentam em debate dos candidatos a vice-presidente dos EUA

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Candidatos a vice participam de encontro considerado ‘histórico’ promovido pela ‘CBS News’, nesta terça-feira (1º). Aborto, economia e imigração estão entre os principais temas. J.D. Vance e Tim Walz são os candidatos à Vice-Presidência dos EUA
AP Photo
Os candidatos à Vice-Presidência dos Estados Unidos se encontram nesta terça-feira (1º) em um debate promovido pela emissora “CBS News”. J.D. Vance é o candidato do Partido Republicano e integra a chapa de Donald Trump. Já o democrata Tim Walz faz parte da chapa de Kamala Harris.
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AO VIVO: assista ao debate
O encontro começou com uma pergunta sobre o ataque do Irã contra Israel, nesta terça-feira. As moderadoras perguntaram se os candidatos apoiavam um ataque preventivo dos militares israelenses ao território iraniano.
Os dois candidatos falaram pouco sobre o assunto nas respostas. Enquanto Walz criticou Trump e defendeu uma “liderança firme”, Vance fez uma breve apresentação pessoal e falou que o Irã estava próximo de ter uma arma nuclear.
Ainda sobre o Oriente Médio, o democrata disse que Trump é instável demais para ser confiável em um momento de crise. Ele também criticou o ex-presidente por abandonar o acordo nuclear com o Irã.
Já o candidato republicano sugeriu que confiaria no julgamento de Israel sobre um ataque ao Irã. Vance afirmou que Trump tornou o mundo mais seguro durante o mandato dele, que foi de janeiro de 2017 a janeiro de 2021.
Fronteira
Os candidatos foram questionados sobre o que fariam em relação à política imigratória. Vance e Walz defenderam propostas divergentes.
O companheiro de chapa de Trump aproveitou para criticar a atual gestão, afirmando que o país enfrenta uma “crise histórica” na imigração. Vance disse que existe um aumento no tráfico de fentanil. A droga é um opioide altamente viciante que tem causado uma onda de overdoses nos EUA.
Vance culpou a administração de Joe Biden e Kamala Harris pelo desmonte das políticas imigratórias de Trump. Segundo ele, as medidas do ex-presidente teriam ajudado a controlar a situação na fronteira.
O candidato republicano prometeu, em um eventual novo governo Trump, intensificar as deportações de “imigrantes criminosos” e empoderar os agentes de fronteira.
Walz, por outro lado, defendeu as ações de Kamala, lembrando que a vice-presidente já havia enfrentado o tráfico internacional durante o tempo que atual como procuradora na Califórnia.
O democrata reconheceu a crise de opioides no país, mas ressaltou que houve uma queda na entrada de fentanil no país no último ano.
Para Walz, o problema na fronteira exige uma solução legislativa no Congresso. Ele lamentou que um texto bipartidário, que havia sido construído com apoio de diversos setores da sociedade, acabou sendo derrubado por influência de Trump.
O candidato democrata também atacou a ineficácia de Trump em cumprir suas promessas de campanha, como a construção de um muro na fronteira e a ideia de que o México pagaria por ele.
As moderadoras acabaram corrigindo uma informação citada por J.D. Vance sobre imigrantes ilegais haitianos. Ele tentou rebater as jornalistas, mas acabou tendo o microfone cortado.
Aborto
Outro ponto que já era esperado no debate era a discussão sobre o aborto. O tema é um ponto sensível na campanha eleitoral.
Ao responder a pergunta, Walz criticou a atuação de Donald Trump, destacando que o ex-presidente se orgulha de ter derrubado proteções ao direito ao aborto.
O atual governador de Minnesota citou casos em que mulheres foram prejudicadas ao ter o direito negado. Ele ressaltou que restaurou o direito ao aborto em Minnesota e defendeu a medida como um direito básico.
Ao ser acusado por Vance de ser “pró-aborto”, Walz negou, afirmando ser “pró-mulher e pró-liberdade”.
Já J.D. Vance afirmou que seu objetivo é proteger as vidas que considera vulneráveis. Ele mencionou que deseja implementar políticas pró-família, com apoio a tratamentos de fertilidade e melhores condições para que jovens possam criar seus filhos.
Vance também defendeu que a questão do aborto deve ser regulamentada pelos estados, sem interferência federal. Durante o debate, criticou a legislação de Minnesota assinada por Walz, alegando que a lei força hospitais católicos a realizarem abortos.
Debate decisivo
A imprensa norte-americana vinha classificando o encontro como um dos mais importantes da história recente, mesmo se tratando de candidatos a vice. Isso porque:
A eleição passa por um cenário de indefinição e polarização. Qualquer mudança no eleitorado dos estados-chave pode fazer a diferença no resultado.
Donald Trump e Kamala Harris só se enfrentaram am um debate, o que pode fazer com que o encontro dos vices tenha mais relevância.
Atualmente, J.D. Vance é senador pelo estado de Ohio. Ele tem 39 anos e ficou conhecido pela autobiografia “Hillbilly Elegy”, que virou um best-seller. O livro também deu origem ao filme “Era uma vez um sonho”, de 2020.
Já Tim Walz é o governador do estado de Minnesota. Ele tem 60 anos e já foi membro da Guarda Nacional do Exército dos EUA, além de treinador de futebol americano. Walz tem forte apelo entre o eleitorado rural e é visto como bem-humorado.
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Papel do vice-presidente
O vice-presidente dos Estados Unidos também ocupa o cargo de presidente do Senado. Com isso, ele terá o poder de desempatar votações na Casa, o que pode ser decisivo em pautas apoiadas pelo governo.
O ocupante do cargo também preside, de forma cerimonial, a certificação dos resultados eleitorais no Congresso.
Mas o principal trabalho do vice-presidente é estar pronto para assumir a Presidência caso algo aconteça com o presidente em exercício.
Ao longo da história, nove vice-presidentes eleitos se tornaram presidentes após a morte ou a saída do governante — o último foi Gerald Ford, que se tornou presidente quando Richard Nixon renunciou em 1974.
O historiador de vice-presidência Joel K. Goldstein afirmou que duas tentativas recentes de assassinato contra Trump aumentam “a relevância da sucessão.”
Por outro lado, Goldstein acrescentou que muitos eleitores veem os candidatos a vice como apêndices dos candidatos que os escolheram, e não necessariamente como potenciais futuros presidentes.
“As pessoas se perguntam se alguém está pronto para estar a um batimento cardíaco de distância,” disse Goldstein. “Mas também é uma questão de quão bom é o tomador de decisão que escolheu essa pessoa.”
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