No México, Lula volta a condenar ações de Israel no Oriente Médio: ‘Matança desnecessária’
Petista viajou ao país da América Central para participar da posse de Claudia Sheinbaum. Lula elogiou o México pela eleição de uma mulher e defendeu novos acordos bilaterais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento com empresários no México
Reprodução/Canal Gov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou nesta segunda-feira (30) a condenar as ações de Israel, lideradas por Benjamin Netanyahu, no Oriente Médio. O petista classificou como “matança desnecessária” as ofensivas israelenses contra os grupos Hamas e Hezbollah, na Faixa de Gaza e no Líbano, respectivamente.
Lula deu as declarações durante o Fórum Empresarial México-Brasil, na Cidade do México. O petista disse ser contra conflitos, como os existentes no Oriente Médio e no leste europeu, porque uma guerra “não traz nenhum benefício”.
“É por isso que eu sou contra, e condeno, o que Israel está fazendo no Líbano agora, atacando e matando pessoas inocentes. Porque só aparecem nos jornais os líderes que eles querem matar, mas as pessoas inocentes que morrem não aparecem”, declarou Lula.
“É por isso que eu sou contra a chacina na Faixa de Gaza. Porque já morreram mais de 41 mil mulheres e crianças. E depois você vai ter que reconstruir o que levou séculos para ser construído”, completou.
O presidente também criticou o que chamou de “matança desnecessária” em curso no Oriente Médio. Israel diz que as ações são respostas ao Hamas e ao Hezbollah.
“A guerra é a a prova da incapacidade civilizatória de um cidadão, que acha que ele pode, na explicação de que tem que se vingar de um ataque, fazer matança desnecessária com pessoas que não têm nem como se defender”, afirmou.
Lula reafirmou que o Brasil deseja “ser uma zona de paz” e que está disposto as reuniões necessárias para auxiliar a encerrar conflitos.
O conflito no Oriente Médio teve início em outubro de 2023, quando o Hammas fez um ataque terrorista em Israel. Desde então, tropas israelenses atacam e ocupam a Faixa de Gaza.
A tensão e o conflito se espalharam para o Líbano, com ataques israelenses contra o Hezbollah, e corre o risco de alcançar o Irã.
O Brasil avalia um plano para retirar, do Líbano, brasileiros que queiram deixar a zona de conflito, a exemplo do que ocorreu na Faixa de Gaza. A comunidade brasileira em solo libanês é numerosa. Dois jovens brasileiros já morreram em ataques.
Ataque ao Líbano
Israel intensifica os ataques ao Líbano e ao Iêmen
Na semana passada, em Nova York, onde participou da Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula já havia subido o tom contra o primeiro-ministro de Israel. Na ocasião, ao ser questionado sobre o conflito entre Israel e o Hezbollah, ele afirmou que o premiê promove um “genocídio”.
Na semana passada, em uma ofensiva contra o grupo extremista Hezbollah, Israel realizou um ataque aéreo no Líbano. Conforme autoridades libanesas, cerca de 500 pessoas morreram e mais de 1,6 mil ficaram feridas. Foi o dia mais sangrento no Líbano desde a guerra de 2006.
Líderes de outros países temem que o conflito seja transformado em uma “guerra total”.
Uma guerra total é um conflito armado em que dois adversários mobilizam todos os seus recursos militares e civis em prol de uma vitória completa sobre o outro, o que pode afetar amplamente a sociedade e a economia das partes envolvidas.
Novos acordos com o México
Lula viajou à Cidade do México para participar da posse de Claudia Sheinbaum como nova presidente do país. Ele deve ter reuniões nesta segunda com ela e com o atual mandatário mexicano, Andrés Manuel López Obrador.
No evento com empresários, Lula elogiou o México pela eleição de uma mulher para presidir o país e defendeu a realização de novos acordos bilaterais.
“Nossos acordos comerciais precisam ser revistos e refeitos o mais rápido possível para melhorar a vida do México e a vida do Brasil. O jogo começa com uma jogadora, que é extraordinário terem escolhido uma mulher para presidir esse país, uma coisa excepcional. Ela monta governo que parece comprometido com as melhores práticas da democracia”, disse.
No discurso, o presidente do Brasil disse ainda que o Mercosul deve fechar ainda neste ano o acordo com a União Europeia, “se Deus quiser”.