Netanyahu cede à pressão de seus ministros radicais e rejeita cessar-fogo com Hezbollah
Inicialmente, premiê israelense teria dado aval para interromper temporariamente ataques à milícia xiita no Líbano, mas recuou diante de ameaças de aliados no governo. Benjamin Netanyahu em coletiva de imprensa
Ohad Zwigenberg/Pool via REUTERS
Sugerida por EUA e França, a proposta de um cessar-fogo de 21 dias entre Israel e Hezbollah ruiu dentro do Gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, cujo governo é sustentado por integrantes de extrema direita. Dois de seus ministros mais radicais, o das Finanças, Bezalel Smotrich, e o da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, ameaçaram abandonar a coalizão da qual o premiê depende para sobreviver politicamente caso a trégua fosse acertada.
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“A campanha deve terminar em um cenário: esmagar o Hezbollah e remover sua capacidade de prejudicar os moradores do Norte”, decretou o ultranacionalista Smotrich. Ben Gvir foi categórico ao alertar Netanyahu de que se aceitasse um acordo temporário com o Hezbollah, seu partido renunciaria ao governo: “Quando seu inimigo está de joelhos, você não permite que ele se recupere, mas trabalha para derrotá-lo”.
Outras autoridades israelenses se mostraram cautelosas em relação à interrupção dos bombardeios no Líbano, sob o argumento de que isso daria ao Hezbollah a chance de restaurar parte do arsenal perdido nos últimos dias. Um dos principais adversários políticos de Netanyahu, Yair Lapid defendeu uma trégua de apenas sete dias, com a condição da retirada da milícia xiita da fronteira norte de Israel.
O fato é que Netanyahu desembarcou em Nova York, para discursar nesta sexta-feira (27) na Assembleia Geral da ONU, decidido firmemente a manter os ataques ao Hezbollah “com força total”.
“Não vamos parar até atingirmos todos os nossos objetivos – o principal deles o retorno dos moradores do Norte em segurança para suas casas”, avisou Netanyahu.
Fumaça emerge no sul do Líbano após ataques israelenses, vista de Tiro, no Líbano, nesta segunda-feira (23).
Aziz Taher/Reuters
O premiê conta com o apoio popular nesta campanha de ataques contra o Hezbollah, que no último ano deslocou, com o lançamento de foguetes, mais de 60 mil residentes de suas casas no Norte do país.
A proposta franco-americana para o cessar-fogo de três semanas teve o apoio de G7, União Europeia, Austrália, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Catar. De acordo com a imprensa israelense, Netanyahu foi informado sobre os esforços diplomáticos e inicialmente deu o seu aval à iniciativa de interromper temporariamente os ataques ao Líbano, que já resultaram em mais de 600 mortos.
Após a repercussão negativa entre as facções que compõem o governo, ele teria mudado de ideia e qualificado, por meio de seu Gabinete, como imprecisas as informações sobre uma possível trégua.
Essa conduta do premiê é uma repetição de tentativas anteriores de negociações para um acordo de cessar-fogo com o Hamas em Gaza. Em diversas ocasiões, o presidente Joe Biden chegou a anunciar, com otimismo, um acordo próximo para a libertação de reféns mantidos pelo Hamas. O presidente americano se fiava inutilmente na palavra do premiê israelense, que, por sua vez, se rendia à ala radical de seu governo.
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