Prisioneiros libertados pela Rússia desembarcam nos EUA após maior acordo desde o fim da Guerra Fria
Entre os prisioneiros libertados está o jornalista americano Evan Gershkovich e o ex-fuzileiro naval americano Paul Whelan. O presidente americano, Joe Biden, e a vice-presidente, Kamala Harris, receberam os prisioneiros libertados pela Rússia. Na foto, Biden comprimenta o jornalista americano Evan Gershkovich
Nathan Howard/Reuters
O jornalista norte-americano Evan Gershkovich e o ex-fuzileiro naval norte-americano Paul Whelan retornaram aos Estados Unidos nesta quinta-feira (1º), horas depois de serem libertados pela Rússia na maior troca de prisioneiros entre os dois países desde a Guerra Fria.
A Casa Branca disse que negociou a troca com a Rússia, a Alemanha e três outros países.
O acordo foi negociado em segredo por mais de um ano e envolveu 24 prisioneiros. Em troca de oito prisioneiros, a Rússia e Belarus libertaram 16 pessoas, entre elas três jornalistas, entre os quais está Gershkovich, que foi preso, sem provas, por espionagem em março de 2023.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu oito dos pessoas libertadas no aeroporto de Moscou e prometeu condecorar todos eles, inclusive Vadim Krasikov, que foi preso em 2019 pelo assassinato de um exilado checheno em Berlim e condenado à prisão perpétua na Alemanha.
O presidente dos EUA, Joe Biden, celebrou o acordo como sendo “um feito de diplomacia e amizade” e elogiou os aliados de Washington por suas “decisões ousadas e corajosas”.
Biden e a vice-presidente Kamala Harris cumprimentaram os americanos libertados Gershkovich, Whelan e a jornalista russo-americana Alsu Kurmasheva, bem como o dissidente russo-britânico e residente nos EUA Vladimir Kara-Murza, quando chegaram à Base Conjunta Andrews, em Maryland, pouco antes da meia-noite desta quinta.
Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, recebeu os prisioneiros que retornavam à Rússia e disse que seriam condecorados.
“Hoje é um exemplo poderoso de por que é vital ter amigos neste mundo”, disse Biden mais cedo na Casa Branca, acompanhado por parentes dos prisioneiros libertados.
Biden expressou gratidão ao chanceler alemão Olaf Scholz, que fez a escolha politicamente difícil de liberar Krasikov.
O acordo proporciona à administração Biden um sucesso diplomático de destaque enquanto a campanha presidencial dos EUA, colocando Harris contra o ex-presidente republicano Donald Trump, entra em seus meses finais.
Ainda assim, o acordo multinacional pareceu ser uma troca única que não redefine a relação antagônica entre EUA e Rússia.
O vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jon Finer, disse que as relações EUA-Rússia permanecem “em uma situação muito difícil”, apesar da troca de prisioneiros. “Não houve confiança envolvida neste relacionamento ou negociação”, disse Finer à CNN.
Críticos disseram que a libertação de russos condenados por crimes graves poderia encorajar mais sequestros de reféns por inimigos dos EUA.
“Continuo preocupado que continuar a trocar americanos inocentes por criminosos russos reais detidos nos EUA e em outros lugares envia uma mensagem perigosa a Putin, que apenas encoraja mais sequestros de reféns por seu regime”, disse Michael McCaul, presidente republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos EUA, em um comunicado.
Trump, que disse não ter detalhes sobre a troca, perguntou se “assassinos, matadores ou bandidos” foram libertados. “Apenas curioso porque nunca fazemos bons acordos, em nada, mas especialmente trocas de reféns”, disse o candidato presidencial nas redes sociais.
Também estiveram envolvidos no acordo a Polônia, Eslovênia, Noruega e Bielorrússia. A Turquia coordenou a troca.
O Kremlin disse em um comunicado que sua decisão de perdoar e libertar prisioneiros “foi tomada com o objetivo de devolver cidadãos russos detidos e presos em países estrangeiros.”
Esta reportagem está em atualização.