Chanceler de Maduro acusa EUA de estar ‘à frente de tentativa de golpe na Venezuela’
Manifestações eclodiram por todo o país após a oposição a Maduro alegar fraude na eleição. O presidente disse que prenderá outras mil pessoas. Manifestantes queimam banner durante protesto em Caracas, no dia 30 de julho de 2024, um dia após a eleição presidencial na Venezuela
Yuri Cortez/AFP
O ministro das Relaçoes Exteriores venezuelano, Yvan Gil, acusou nesta sexta-feira (2) os Estados Unidos de tramarem um golpe de Estado na Venezuela.
O chanceler fez a acusação ao criticar a posição de Washington, que, na quinta-feira (1º), disse reconhecer vitória da oposição nas eleições realizadas no país no fim de semana.
“A Venezuela rejeita as graves, e, mais ainda, ridículas declarções, atribuídas ao secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, nas quais pretende assumir o papel do Poder Eleitoral venzuelano, demonstrando que o governo dos Estados Unidos está à frente do golpe de Estado que se prentende fazer contra a Venezuela, promovendo uma agenda violenta contra o povo venezuelano e suas instituições”, declarou Gil.
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Na quinta-feira, Blinken afirmou estar “claro para os Estados Unidos” que Edmundo González, o candidato do bloco de oposição a Maduro, venceu o pleito, dadas as “enormes evidências”. O secretário norte-americano argumentou que a oposição já apresentou as atas eleitorais — documentos que registram a quantidade de votos e o resultado em cada local de votação na Venezuela — mostrando vitória de González.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela, que é a Justiça eleitoral do país, ainda não apresentou as atas, alegando uma falha no sistema causada por um ataque hacker orquestrado pela opsição. Mesmo assim, o CNE declarou Maduro vitorioso no pleito.
Já a oposição montou um site no qual incluiu cerca de 80% das atas às quais teve acesso por meio dos observadores e representantes que estiveram nos locais de votação no dia das eleições.
Os EUA, além de países como o Brasil, o México e a Colômbia, pediram ao governo venezuelano que disponibilize as atas e que a contagem seja submetida a observadores internacionais. Na quinta, Maduro anunciou que o Tribunal Supremo de Justiça venezuelano, cuja grande maioria de juízes foi indicada por ele, fará uma auditoria dos votos ainda nesta sexta-feira com a presença da oposição.
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Presos
Em v´deo publicado nesta quinta-feira (1º), Maduro diz ter prendido 1.200 pessoas após protestos contra resultado das eleições e afirma que os enviará para prisões de segurança máxima
Reprodução/X
Na quinta-feira (1º), Nicolás Maduro disse ter prendido mais de 1.200 pessoas após os protestos que tomaram o país após a eleição venezuelana em 28 de julho. Maduro prometeu capturar outras mil pessoas.
“Todos os criminosos fascistas vão para Tocorón e Tocuyito, para prisões de segurança máxima, para que paguem pelos seus crimes perante o povo”, escreveu em uma publicação na rede social X.
A Venezuela mergulhou em um impasse político e social após o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ter declarado o atual presidente, Nicolás Maduro, reeleito na eleição do último domingo, 28 de julho, e a oposição alegar ter havido fraude.
O resultado é contestado pela oposição, liderada por María Corina Machado, por Edmundo González e pela comunidade internacional. As acusações são de falta de transparência da autoridade eleitoral venezuelana e há pedidos para a publicação dos resultados das urnas.
A PUD afirma que González, que disputou a eleição contra o atual presidente, recebeu 67% dos votos, contra 30% de Maduro.
Manifestações eclodiram por todo o país e pelo menos 12 pessoas haviam morrido até esta quinta, segundo ONGs que atuam no país.
Diante do impasse, a Suprema Corte da Venezuela convocou os 10 candidatos à presidência –incluindo Maduro e González, a comparecerem nesta sexta-feira (2) para começar a auditoria da eleição.
No entanto, integrantes da Suprema Corte foram indicados por Maduro e são alinhados a ele.
“Admite-se, assume-se e inicia-se o processo de investigação e verificação para certificar os resultados do processo eleitoral”, expressou Caryslia Rodríguez, presidente da Suprema Corte. O CNE, órgão eleitoral, também é dirigido por um aliado de Maduro.
Na quarta (31), Maduro disse que María Corina Machado e Edmundo González deveriam “estar atrás das grades” e afirmou que “a justiça chegará para eles”. A fala de Maduro, que segundo ele é uma “opinião na condição de cidadão”, foi uma resposta a uma repórter Madeleine García, da TV venezuelana “Telesur”, durante coletiva com membros da imprensa nacional e internacional.
González disse nesta quinta, por meio da rede social X, que se mantém firme após a ameaça de prisão e que segue “ao lado do povo”. “Nunca os deixarei sozinhos e vou sempre defender sua vontade”.
Em artigo ao jornal americano “The Wall Street Journal”, María Corina Machado disse que está escondida e que teme pela sua vida.
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