Prefeitura de Paris está tirando imigrantes sem-teto das ruas e os levando para outras cidades antes das Olimpíadas, diz jornal

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O jornal francês “L’Équipe” revelou que o objetivo do governo era “identificar pessoas nas ruas em locais próximos às sedes olímpicas” e movê-las antes dos Jogos. Os sem-teto são retirados de Paris em ônibus e levados a outras cidades com falsas promessas de moradia, segundo o jornal americano “The New York Times”. Morador de rua em Paris.
AP – Francois Mori
A Prefeitura de Paris está retirando imigrantes em situação de rua da cidade antes do início das Olimpíadas, que começam em 26 de julho, revelou o jornal francês “L’Équipe”.
Os sem-teto localizados nas principais regiões que receberão os turistas e os Jogos Olímpicos estão sendo levados de ônibus para outras cidades francesas perto da capital. No ponto final dessas viagens estão abrigos precários e muitos dos imigrantes acabam voltando para a rua, segundo o jornal americano “The New York Times”, que acompanhou o trajeto desses ônibus.
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Imigrantes disseram ao “New York Times” que foram prometidos habitação de longo prazo em outro lugar e serviços sociais, mas acabaram encontrando uma situação diferente, vivendo em ruas desconhecidas, longe de casa, ou até sendo marcados para deportação. “Chegamos e não havia nada. Eles mentiram para nos colocar no ônibus”, disse Yussuf Ahmed, que veio do Sudão, ao jornal americano.
Os governos francês e parisiense nega que o envio de pessoas de ônibus esteja relacionado aos Jogos Olímpicos, porém, em um e-mail revelado pelo “L’Équipe”, um funcionário do governo disse que o objetivo era “identificar pessoas nas ruas em locais próximos às sedes olímpicas” e movê-las antes dos Jogos.
O presidente da França, Emmanuel Macron, prometeu que os Jogos Olímpicos vão mostrar a grandiosidade do país –sediar um evento como esse geralmente é uma oportunidade de se promover para o resto do mundo.
O coração dos Jogos Olímpicos é o município de Seine-Saint-Denis, onde cerca de um em cada três habitantes é imigrante. O governo gastou bilhões reurbanizando a área nos últimos anos. A Vila Olímpica, por sua vez, foi construída em um dos subúrbios mais pobres de Paris, onde milhares de pessoas vivem em acampamentos de rua, abrigos ou edifícios abandonados.
Arenas do vôlei em Paris para os Jogos Olimpícos
Gonzalo Fuentes/Reuters
Segundo Christophe Noël du Payrat, um alto funcionário do governo em Paris, a polícia e os tribunais desalojaram cerca de cinco mil pessoas de moradias irregulares, a maioria homens solteiros, ao longo do último ano. Uma vez na rua, as autoridades municipais incentivam essas pessoas a embarcar em ônibus para cidades como Lyon ou Marselha.
Paris tem um problema de habitação, tem 100 mil pessoas em situação de rua e não há espaço suficiente nos abrigos da Prefeitura. Para combater esse problema, o governo francês criou 10 abrigos temporários pelo país no ano passado.
Segundo o “New York Times”, a polícia aumentou as operações em acampamentos de sem-teto e edifícios abandonados no ano passado, despejaram pessoas morando ilegalmente e disseram que iriam ajudá-las a se realocar.
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Destino dos imigrantes sem-teto
Funcionários do governo Macron não quiseram comentar a prática de levar imigrantes sem-teto em ônibus para outras cidades, mas disseram que se trata de um programa voluntário destinado a aliviar a falta de habitação de emergência em Paris.
No entanto, imigrantes ouvidos pelo jornal americano disseram achar que não tinham escolha a não ser embarcar nos ônibus: “Os policiais vieram e nos cercaram”, disse Oumar Alamine, um imigrante da República Centro-Africana.
Além disso, muitos dos imigrantes não sabiam que ao subir nos ônibus estavam entrando em um programa do governo para triagem para potencial asilo — e potencial deportação. O programa existe há anos, mas os despejos trouxeram milhares de novas pessoas ao programa, muitas das quais não são elegíveis para asilo.
Depois de chegarem às novas cidades, os sem-teto vivem em abrigos por até três semanas e são triados para elegibilidade ao asilo.
Aqueles que são elegíveis podem receber habitação de longo prazo enquanto solicitam asilo. Mas cerca de 60% das pessoas nos abrigos temporários não conseguem habitação de longo prazo.

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